Segura peão! A lei que proíbe os rodeios em Jaú ainda nem foi sancionada
pelo Prefeito Rafael Lunardelli Agostini (PT) e já tem muita gente pressionando
vereadores para levar o assunto à uma segunda discussão na Câmara. Um dos que
se opõem ao encerramento da prática é o apresentador de um programa popular de
TV, que argumenta que o rodeio profissional não deve ser abolido em terras
jauenses, pois por ser profissional não caracteriza tortura ou maus tratos aos
animais. Ele questiona o projeto de lei e a forma como o processo de votação e
apoio do executivo deram maior fluidez à aprovação, que deve ser publicada já
na próxima edição do Jornal Oficial de Jahu.
Boi não voa. E com certeza ele não está pulando de alegria nesta foto
Em contrapartida a Associação Protetora dos Animais de Jaú
(Apaja) se mantém firme e utiliza de argumentos científicos. Em sua página
oficial no Facebook, a associação emitiu um comunicado firmando sua posição
contra os rodeios e utilizou de argumentos científicos como um parecer técnico
da presidente da comissão de ética da Faculdade de Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo (USP) – clique na imagem abaixo para ler parte do
comunicado - o que acirra os ânimos entre os envolvidos na organização da maior
prejudicada com o fim dos rodeios: a ExpoJaú.
Nós vamos além dos rodeios e queremos questionar a Expo Jaú
em sí. Afinal tem muito dinheiro público envolvido na realização da feira (em
2011: R$350 mil – 2012: R$400 mil). Não questionamos a realização da feira, mas
sim o fato de que já está na hora de repensar diversos aspectos. Pois mesmo com
verbas públicas envolvidas temos estacionamentos caros, entradas para shows a
preços não tão convidativos e a cada ano que passa a feira se torna cada vez
mais uma feira de barraca de doces e menos uma feira agropecuária. Somente meia
dúzia de grandes conglomerados se beneficia de algo que deveria resgatar a
cultura das grandes feiras agropecuárias no interior.
Não há estímulo para os comerciantes de Jaú. Os estandes
estão caros demais e na Avenida Prefeito Dr. Alfeu Fabris (na frente do recinto)
as casas e garagens se tornaram um grande e lucrativo comércio... de doces e
bebidas. Me lembro quando eu ainda escrevia para o falecido jornal Bom Dia Jaú,
fiz uma matéria sobre o comércio instalado naquela avenida. A constatação foi
preocupante. A grande maioria das barracas de doces instaladas ao longo da via
eram de empreendedores de fora da cidade, muitos de fora do estado e que vivem
das grandes feiras agropecuárias para vender seus quitutes. O meu
questionamento na época não foi respondido pelas autoridades: essas pessoas
pagam impostos? Quanto é arrecadado? Há fiscalização? O resumo é que é tudo um
samba do criolo doido e não há fiscalização nem de impostos, nem da vigilância
sanitária, nem dos órgãos de trânsito. Há assaltos, furtos, danos a veículos,
ou seja, a ExpoJaú que deveria arrecadar para o município, gera mais prejuízo e
mão de obra do que lazer para a população.
Me lembro em 2012, a quantidade de viaturas do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) socorrendo adolescentes bêbados. Segundo a
organização do evento, cerca de 250 mil pessoas frequentaram o recinto em 2012
(segundo reportagem do Jornal Comércio do Jahu). Esse valor divido por 7 dias, dá cerca de 35 mil pessoas por
dia, cerca de 30% da população. Os outros 70% assistem uma piora no atendimento
de urgência, hospitais cheios e a
polícia com seu efetivo atento ao evento. Enfim, será que compensa? Será que
não é hora de repensar essa feira e modernizar, fazer algo realmente grandioso
para toda a população? Socializar as classes sociais, as “tribos culturais” e
mostrar aos outros munícipios como é que se faz um evento organizado e que não danifica
os serviços públicos?
Fica a dica de pauta para os jornalistas e para o Prefeito (que eu sei
que leem o blog)...