sexta-feira, 21 de março de 2014

Isso é muito sério


Várias pessoas me perguntam porque eu não entro para a política. A resposta é simples: eu teria que me filiar à algum partido, mas eu não acredito em nenhum, aliás eu sou totalmente contra o sistema partidário, o sistema eleitoral, as urnas eletrônicas e várias outras práticas atuais. 

Não é nem questão de ideologia, para mim, os partidos são os maiores responsáveis pela corrupção, eles são as mãos que operam os fantoches, que recebem os benefícios da corrupção, que são financiados pelas licitações favorecidas, que fazem o tráfico de influência necessário para se obter vantagens nas manobras políticas em um congresso ou câmara.

Acredito que o cargo público pode ser honroso, mas não enquanto esse modelo partidário permanecer. Nenhum político entra num cargo público e consegue trabalhar na fiscalização do executivo, se o partido tem "rabo preso" com a situação. Resta somente poucos honestos de mãos atadas e uma maioria de oportunistas ganhando altos salários para dizer amém aos partidos e à situação.

Eu não acredito no Poder Legislativo, em nenhuma instância deste país, seja municipal, estadual ou federal. Embora seja a única arma do povo contra os desmandos do governo executivo, eu não creio que nas próximas eleições o povo vá formar uma oposição forte no Congresso e no Senado. Eles não deixam pontas soltas e o conchavo está feito. E teremos mais 4 anos de lama e sujeira inalteradas.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Número real, mais alarde - A saga da Dengue

A dengue pode matar!
Hoje consegui ir à Santa Casa de Jaú verificar de perto a quantas anda o atendimento às pessoas que apresentam a sintomática da Dengue. Tanto pela Unimed quanto pelo SUS o panorama é o mesmo, a Dengue parece ser uma doença democrática, não tem escolhido bolso, raça ou religião. Pelo que constatei em conversa com alguns pacientes que estavam na fila de espera. No plantão da Unimed o atendimento total, entre a triagem, a consulta e os exames, está levando entre 2 e 3 horas de espera, o que tem direcionado algumas pessoas à buscar o Hospital da Unimed, em Bauru (as que tem convênio, obviamente).
 
No SUS a situação é ainda mais caótica. Em meio ao entra e saida e viaturas do Resgate e do Samu, que trazem acidentados e pacientes de traumatologia das mais diversas, um aglomerado de pacientes a procura do exame de detecção da Dengue. Hoje descobri duas novas informações de fontes seguras, que por questões óbvias não posso divulgar:
 
1ª Número real: nem 10 mil, nem 975 casos. Profissionais de saúde  trabalham, de forma sigilosa, com com aproximadamente 6 mil exames confirmados. A orientação geral é não alarmar a população, não causar pânico, pois segundo alguns profissionais de saúde "qualquer febre ou mau estar já é encarado como dengue pela população que está assustada", o que contribui para a saturação do atendimento. Vale ressaltar que este número não inclui os exames e pacientes atendidos em clínicas particulares. Mas engloba tanto os casos importados quanto os autoctones.
 
2ª Mensuração: de acordo com alguns pacientes que foram atendidos recentemente, a estratégia parece ter se expandido do parcelamento da divulgação nos números reais. Além disso, em vários casos selecionados aleatóriamente, os pacientes realizam o primeiro exame, mas os médicos não estaria confirmando e posteriormente pedem para que o paciente fique de repouso por pelo menos 6 dias. Após uma semana o mesmo paciente retorna para fazer novo exame e se o exame consta a normalidade na porcentagem de glóbulos brancos e vermelhos no sangue, o paciente é liberado e não irá constar nos números oficiais.
 
Peço como um cidadão, que o MP ou qualquer órgão sério investigue isso, pois uma coisa é gerir uma crise de imagem a outra é brincar com a saúde da população. Esse caso está sendo tratado de forma política no momento errado. A dengue mata.

Rodovia da morte? Será mesmo?

Até o momento são 5 mortes em 3 dias, um saldo um tanto quanto triste nas rodovias da região. Não há dor pior do que a de ver alguém que estava entre os seus ainda pouco nos deixar por conta de uma falha, uma imprudência ou uma desatenção. É assim em qualquer rodovia do Brasil, seja duplicada ou pista simples, seja com caminhões ou motocicletas, a dor é sempre inaceitável, intangível e inexplicável.
Foto: Aline Furlanetto/ Comércio do Jahu
E ela se prolonga e se intensifica a medida em que entendemos que acidentes não são meros acasos, são resultados de uma falha. Depois a dor parece entorpecer à medida em que procuramos alguém para culpar. Foi o motorista? O freio falhou? Ele não deveria ter ultrapassado ali? O governo demorou para duplicar? A resposta sim é perfeitamente aceitável em todas estas opções. Não estou eximindo a culpa das autoridades que recebem altos impostos para manter as rodovias em perfeitas condições de suportar o tráfego. Mas será que é só isso? Será que se duplicarmos, os problemas estão todos resolvidos, ou daqui há algum tempo teremos que pedir a triplicação?

Quando se compra o veículo, se tem a falsa impressão de que devemos apenas pagar por ele e mantê-lo funcionando com gasolina e óleo, e de vez em quando dar um calibrada nos pneus. Não se tem a plena consciência de que dentro destas caixas metálicas com rodas há vidas, há histórias, há sonhos e objetivos. Carro/moto não são apenas um carnê que sai da gaveta todo começo de mês (na maioria dos casos). O trânsito se torna cada vez mais um exterminador de seres humanos a medida em que carros deixam de ser uma opção e passam a ser uma necessidade. Será que carro é uma necessidade mesmo?


Uma reflexão que faço sempre é, as rodovias sempre estiveram aí, sempre foram estas. Não é a rodovia que é da morte, são os motoristas que são humanos e, portanto, falhos. Ainda enquanto nós tiramos a própria vida, despedaçamos somente o coração de nossos familiares e amigos. O pior é quando tiramos outras vidas e multiplicamos o número de corações despedaçados. Vidas perdidas porque ir de carro é mais rápido, mais prático, porque carro/moto é uma necessidade. Será que em todos os casos é mesmo uma necessidade? As estradas são as mesmas, a medida em que as garagens, ruas e rodovias tem cada vez mais carros, mais armas carregadas e prontas para tirar a vida de alguém.


Uma dica fica, se você vai precisar usar a SP-255 nos próximos dias:


Salve a sua e outras vidas...

quarta-feira, 19 de março de 2014

Coletiva de Imprensa do Prefeito - A Saga da Dengue

Ontem o prefeito de Jaú concedeu uma entrevista coletiva para falar sobre a epidemia de Dengue no município. Dentre outras pontuações ele destacou as ações que ele deu início na última semana quando haviamos ultrapassado números oficiais de aproximadamente 600 casos confirmados. Falou sobre a nebulização que está sendo realizada nos bairros, falou dos dados estaduais, e mais uma vez fez o que tem feito desde o início do governo: transferiu a responsabilidade por algo negativo à terceiros e atribuiu aspectos positivos da situação, ao seu governo.
 
Edição de hoje do Comércio.
O tipo de entrevista coletiva feita para tentar apagar um incêncio. Mas como apagar um incêndio destas proporções com palavras e números? Há BOATOS, inclusive de médicos e entidades diretamente relacionadas, de que o número de doentes está entre 10 e 15 mil. O que embora sejam apenas boatos, não se pode dizer que é um exagero, porque não há um controle efetivo e nem uma preocupação em documentar a epidemia. Outras correntes dizem que o número de infectados corresponde a pelo menos 5% da população jauense, mas são boatos também. E por falar em incêndio, se a velha máxima vale neste momento: onde há fogo há fumaça, ou vice e versa. O fato é que as contas não batem e fica realmente muito dificil de acreditar que há apenas 975 casos, como foi divulgado pelo governo ontem. E isso já está ficando ridículo para o próprio governo municipal.
 
Parece que a ineficácia do governo não diz respeito somente à morosidade de como o assunto foi tratado, mas também a estratégia publicitária com que os números vêm sendo divulgados. O que parece cada vez mais claro e real, é que aos poucos (semana a semana) o governo sobe o número significativamente para chegar ao número real de forma "parcelada". A cada nova atualização um novo discurso traz o ar de que a situação não é tão preocupante como parece, um ar zen de que está tudo sob controle, enquanto sabemos das reuniões noturnas e aos fins de semana no terceiro andar do edifício Terra Roxa, onde reina a preocupação e o brainstorm para decidir quais serão as próximas desculpas e justificativas, e para quem a responsabilidade será atribuída.
 
Duas coisas me incomodam desde o início da epidemia, a postura do prefeito se mantem firme e forte como o homem inocente, vítima das circunstâncias, mas que está fazendo um esforço hercúleo para sanar a questão e sair como um herói. Sem falar da mobilização dos seus secretários que apenas endossam o discurso do alcaide. E nós a cada dia descobrimos mais amigos, parentes, vizinhos, colegas de trabalho, infectados por uma doença que denúncia muitas coisas. Mas principalmente o desleixo de um governo sem postura, sugere uma atuação mimada, do tipo que dá murro na mesa e quer ganhar a razão na base do grito.

Ainda sobre o ecoponto:

 
Imprensa
 
Outra coisa que vale salientar é a postura da imprensa, e quando digo imprensa excluo os veículos que dão Ctrl +C e Ctrl+V e divulgam releases na íntegra. Estou falando dos veículos formadores de opinião, como os três jornais, as rádios e a TV. Na página 3 de hoje do Comércio do Jahu, o box "O que pensa o comércio", sintetiza essa morosidade da prefeitura em assumir o controle da situação, em bater no peito e dizer que vai por a casa em ordem custe o que custar.
 
O diário enfatiza a importância de alarmar a população justamente para que haja mais esforços por parte dos cidadãos. A nota grave foi quando o veículo menciona que é inconcebível e criminosa a hipótese de que os órgãos públicos estariam manipulando os dados. Pois bem, eis o papel da imprensa, ver crime onde aparentemente não há, investigar, criar um cenário investigativo e descartar as hipóteses, pois governo nenhum está à margem das desconfianças. Mesmo que os números estejam ao seu favor o dia-a-dia inloco do jornalista se faz necessário. Sugiro uma semana da coluna SOS Bairros só com criadouros ou situações de proliferação dos mosquitos.